Ser calvinista (ou reformado) no Brasil é uma "cruz" das mais pesadas. Os evangélicos são minoria em um país católico. Os tradicionais são minoria em meio a evangélicos pentecostais. E os reformados são minoria no grupo dos tradicionais. Se há uma espécie em extinção religiosa no Brasil, com certeza é a dos seguidores de João Calvino.
Isto explica a imensa alegria com que foi recebida uma reportagem da revista Time, que apontou o novo calvinismo como um dos dez movimentos que podem mudar o mundo agora. A euforia foi tamanha que a reportagem foi citada em blogs conceituados, como o da editora Fiel e o O Tempora, O Mores. Se no Brasil os calvinistas são vistos como seres exóticos, nos Estados Unidos a teologia reformada mostrava a sua força e era reconhecida, inclusive pela sociedade secular.
No entanto, até aqui, o novo calvinismo ainda não disse a que veio. Pelo menos no Brasil.
Made in USA
O problema começa com a falta de divulgadores do novo calvinismo. Os maiores são a editora Tempo de Colheita e blogs como o Voltemos ao Evangelho e o iPródigo, que traduzem posts e vídeos de expoentes do movimento, como Paul Washer, Mark Driscoll e John Piper.
Mark Driscoll |
É verdade que algumas editoras tradicionais (Cultura Cristã, Fiel, Shedd Publicações e Vida Nova) também têm publicado livros de destacados representantes do novo calvinismo, principalmente John Piper e Wayne Grudem. Mas é igualmente verdadeiro que o interesse é mais doutrinário do que eclesiológico. Ou, dito de outra forma, os novos calvinistas são publicados pelo que falam de "calvinista" e não pelo que tem de "novo".
Ou alguém imagina a Editora Fiel se juntando a Grudem, Driscoll e Piper na recusa deles ao cessacionismo? O mesmo pode ser dito da liturgia de Driscoll sendo endossada pelo Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil. No Brasil, grosso modo, os novos calvinistas são enquadrados simplesmente como calvinistas.
O resultado é fácil de se prever: no Brasil, o novo calvinismo é muito mais uma curiosidade do que um movimento. Não há nenhuma igreja de grande porte ou pastor de projeção nacional que se assuma como novo calvinista. Não temos escritores nacionais que produzam literatura dentro dessa linha e a ampla maioria dos blogs dedica-se mais a traduzir os autores norte-americanos. O mesmo pode ser dito das editoras.
Em suma: no Brasil, se queremos saber o que é novo calvinismo, temos que olhar para os Estados Unidos.
Novo calvinismo não..."New calvinism" |
Novo o quê?
Uma outra consequência é a de que o membro comum das igrejas e os pastores que não navegam com frequência na Internet nem sabem de que se trata o novo calvinismo. Na prática, a maioria das igrejas reformadas ainda não se enxerga como "missional" e prende-se às mesmas condutas litúrgicas e evangelísticas de sempre.
Na verdade, o que acontece é bem o contrário: há o ressurgimento de um "neopuritanismo", com a defesa de uma liturgia tão engessada que nem os hinos encontram lugar. Não é incomum ver blogs calvinistas rompendo o diálogo com outros ramos do protestantismo, alguns chamando pentecostais de apóstatas e outros tachando os arminianos de hereges. Evangelismo que é bom...
Só há uma conclusão óbvia quando se analisa o cenário brasileiro: a contextualização cultural do Evangelho só é possível nas igrejas emergentes. A coisa chega a tal ponto que a Mocidade Para Cristo recomendou a leitura do herético Brian McLaren no Treinamento de Líderes de Jovens e Adolescentes deste ano, deixando Driscoll de lado. Parece que o único caminho para se ter uma igreja cristã própria para o século XXI é cair na heresia. E líderes brasileiros que apontam neste sentido não faltam, como Ed René Kivitz, Ricardo Gondim, Caio Fábio...
Essa ignorância tem o seu preço. Embora o novo calvinismo não seja um movimento homogêneo, Driscoll aponta marcas que provam que há alternativas à igreja emergente:
- Teologia reformada;
- Relacionamentos complementares (homens e mulheres);
- Ministério cheio do Espírito Santo (continuísmo, rejeição ao cessacionismo);
- Prática missional.
Dito de outra forma, o novo calvinismo preserva o que é imutável (teologia reformada) e muda o que deve mudar. Pena que só você, que lê blogs na Internet, sabe disso. Agora, pergunte aos seus diáconos, presbíteros, às senhoras se elas sabem algo a respeito.
À procura de líderes
Penso que isso só vai mudar quando o novo calvinismo encontrar referenciais no Brasil, que pensem na igreja reformada brasileira do século XXI e estejam dispostos a levar esse pensamento para o dia-a-dia das igrejas locais. Particularmente, não creio que os expoentes do calvinismo tradicional se dediquem a esta tarefa por uma razão muito simples: eles não endossam o que há de "novo". É preciso que outros se disponham a isso.
Até lá, entendo que é preciso se libertar um pouco das traduções e começar a dar lugar a uma produção teológica nacional. Blogs como o Novo Calvinismo, o Filipe Niel, o Pensar... , o Cinco Solas ou o Guilherme de Carvalho precisam ser mais valorizados e conhecidos. Seria interessante ler mais textos de Josaías Cardoso no iPródigo ou autores nacionais no Voltemos ao Evangelho.
E, claro, seria ótimo se pastores como Jeremias Pereira e Hernandes Dias Lopes se identificassem abertamente com as ideias do novo calvinismo. Seria ótimo se eles se juntassem a outros pastores, como Juan de Paula e Helder Nozima na defesa do que há de "novo" no calvinismo. Poderia ser o que falta para o novo calvinismo "pegar" no Brasil.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
76 comentários:
Que bom que a internet está ajudando a recriar algo que é bom. É bom ver que graças a internet, temos acesso a videos e pregações desses pastores que se declaram abertamente como novo calvinistas. Realmente espero em pouco tempo ver pastores reformados brasileiros abraçando esta teologia, que com certeza glorificará mais ainda o nome de Deus. =)
Por que o Ed Rene Kivitz é considerado herege?
Abraços! Deus abençoe aos 5 calvinistas! =D
Tapa devida e humildemente recebido rsrs
Ótima reflexão, mas creio que a situação irá mudar, pelo seguinte motivo: driscoll e outros não surgiram da noite pro dia.
Creio que daqui 10 anos, haverá mais pastores "novos-calvinistas" porque a juventude de hoje será os pastores de amanhã.
E realmente estamos a caça de vídeos de pregadores brasileiros. (temos que romper com o hábito tb rs)
Ótimo texto Helder,
abraço
Hehehe, espero que não vire um hábito!
Bom texto, simples e bastante ilustrativo. Tanto quanto no caso do texto anterior, vejo que no Brasil temos o erro de começar algo antes de terminar o que estávamos fazendo.
Claro, eu tenho dito que sou bastante contemporâneo e quem me conhece pessoalmente não tem dificuldade de me chamar de novocalvinista. Entretanto, acho q antes de buscarmos um novo movimento calvinista (mesmo que apenas uma melhoria) seja doutrinário, seja acadêmico, seja eclesiástico, deveríamos buscar ser melhores calvinistas.
Entre Driscoll, Piper, Gruden, eu fico mesmo é vom o velho e bom Hodge(Risos).
Esli Soares
Helder, tudo bem brother? Cara, não precisa publicar, vc colocou Bruce McLaren é Braian McLaren... é alguma ironia? Se for, foi mal... eu não saquei. :-D he he he
Helder, valeu pela menção ao Blog, longe de merecer ser citado, de qualquer forma, muito obrigado.
Anayran,
Na verdade, o meu post sinaliza uma limitação da Internet. Sim, é ótimo poder ver novos calvinistas nos sites. Mas enquanto isso só acontecer na Internet, sem um impacto real nas igrejas...o novo calvinismo é só um relato bonito do que acontece nos States.
Quanto ao Kivitz, ele anda na mesma toada do Gondim no que diz respeito ao teísmo aberto. Além, é claro, de ser um entusiasta das igrejas emergentes. Se quiser saber mais sobre isso, recomendo que você dê uma pesquisa em outros sites.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Vinicius,
Ser lido por você é uma honra. Espero que você esteja certo e que as ideias do novo calvinismo alcancem muitos jovens hoje...em uma quantidade tal que seja suficiente para marcar uma mudança no protestantismo brasileiro. São os meus votos.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Esli,
Dessa vez discordo de você. Vou fazer uma analogia.
Imagine a Namíbia, um país que não produz computadores. Os namibianos não precisam repetir todo o processo de amadurecimento tecnológico dos EUA para aprenderem a fabricar computadores. Eles podem começar com uma fábrica, treinar engenheiros e seguir a partir daí. Foi mais ou menos o que países como a Coreia do Sul fizeram.
Da mesma forma com as ideias. Eu não preciso passar por todos os estágios do protestantismo europeu e norte-americano para chegar ao novo calvinismo. Usando uma analogia de software, posso pegar a versão mais "atualizada", sem baixar as versões anteriores. Posso pegar um calvinismo que dialoga com a cultura do século XXI sem ter que antes passar pelo calvinismo dos séculos XVI, XVII...
Da mesma forma, o novo calvinismo ainda é calvinismo. Posso perfeitamente ensinar todas as doutrinas reformadas, inclusive lendo Hodge, e ser um novo calvinista. Não há incompatibilidades.
Sendo sincero, ao meu ver, o seu pensamento é bem típico dos calvinistas "old school" que critiquei no post. Interessam-se pelo novo calvinismo naquilo que ele tem de "calvinismo", mas rejeitam o que ele traz de "novo". Se formos ser tão lentos e cautelosos, quando aceitarmos o calvinismo do século XXI já estaremos no século XXIII.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Igor,
Foi um lapso, me perdoe. É que Bruce Wayne me empolga bem mais do que Brian McLaren, heheh, daí o ato falho.
No mais, é uma honra poder tê-lo conhecido. Ignorá-lo seria uma injustiça.
Injustiça aliás que talvez tenha cometido com três pessoas: Roberto Vargas Jr, Renato Vargens e Jonas Madureira. Não os incluí neste post porque não sei como eles veem o novo calvinismo ou se eles aceitariam ser enquadrados no movimento.
Creio que você, assim como os outros citados no comentário e no post, têm trazido uma contribuição valiosa para o futuro do calvinismo no Brasil. Espero que você possa ser mais ouvido por outros.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Helder, valeu pela citação e na verdade eu devia escrever mais para diminuir a porcentagem de traduções do iPródigo :P
(os outros colaboradores também poderiam fazer isso)
Creio que os "velhos calvinistas" não conseguem ainda ser tão aberto aos seus neocolegas como os velhos calvinistas norte-americanos. o Sproul é cessacionista (se não me engano), mas tava lá na conferência do Driscoll realizada recentemente. Espero que ocorra o mesmo por aqui logo.
Mas estou com o Vini, acho que daqui a 5, 10 anos veremos o movimento ganhar mais força. As coisas sempre têm um atraso aqui no Brasil. Humanamente falando acho que a tendência é melhorar. (Piper e Driscoll vêm aí :P)
abraços
Josa
Josa,
Espero que você esteja certo. E, de certa forma, o Mackenze chamou o Grudem, a Fiel chamou o Piper...acho que os "velhos calvinistas" estão se abrindo mais. Isto é, tirando os novos puritanos.
Só um esclarecimento: acho que as traduções são importantes e têm o seu papel. Só gostaria que houvesse mais produção brasileira. Sem lideranças locais, o novo calvinismo não vai avançar no Brasil.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Helder,
Antes uma ressalva: alguns dos blogs que você citou vão para o neocalvinismo, não para o novo.
Quanto a mim, acho que sou um tanto "old school". Na verdade, sou medieval... Até com certo orgulho! rs
Isto, no entanto, não me impede de apreciar e adotar muito do pensamento de novos e neos. Para citar um de cada, apenas como exemplo, gosto do "hedonismo cristão" de Piper e das implicações na filosofia da ciência a partir do pensamento de Dooy.
De resto, como fica óbvio, concordo que o que há de "novo" pode contribuir em muito com o "calvinismo".
No amor do Eterno,
Roberto
Oi Helder,
cara, um alívio. Eu tinha acabado de ler uns comentários neopuritanos extremamente sectários e descaridosos no facebook, daí li seu artigo. Ótimo. Ar fresco.
Só esclarecendo - o Roberto observou que alguns blogs citados não seriam "novos" mas "neo" calvinistas. Bem, da lista acho que sou o único que se define como neocalvinista.
Vale dizer, no entanto, que muito do que os novos calvinistas fazem - como o diálogo com a cultura contemporânea - os neocalvinistas e o L'Abri já faziam, só que fora do contexto eclesiástico. O L'Abri já era missional em 1955 :-D
Eu acho que a idéia de "missionalidade" é um veículo muito válido para buscar uma forma eclesial que seja mais coerente com a presença cultural que o neocalvinismo já tem, de forma extra-eclesial.
De modo que vc pode me incluir, sim, entre os "novos calvinistas" - apenas lembrando que além disso, tenho recomendado aos novos calvinistas que, para além da igreja local, sejam neocalvinistas :-D
Tenho certeza de que agora, sim, alguns neopuritanos vão querer me matar! ai, ai...
Gui,
Embora só você se declare neo, parece-me que o Igor segue mais de perto o neo que o novo. Se ele não, eu sim, apesar do meu old. (rsrs) Em todo caso, creio que todos nos identificamos com o apelo do Helder.
Quanto aos neopuritanos, já vi de sua política de gueto. Tenho só duas palavras: asqueroso e lamentável.
No Senhor,
Roberto
Helder,
agora que li. Artigo show de bola e obrigado pela indicação.
Cara, acho que é uma questão de tempo. Ainda somos jovens e estamos em formação. Daqui há uns 10 anos acredito que o novo calvinismo terá frutificado mais em terras tupiniquins com devida contextualização para a nossa agenda e não a agenda americana (por exemplo as necessidades sociais, economicas e educacionais que enfrentamos em nosso país; como por ex; o Brasil ser apontado como nação emergente mas está a anos luz na educação superior e pesquisa).
O caminho é fortalecer nosso preparo espiritual, ministerial e acadêmico para divulgarmos as verdades bíblicas (doutrinas da graça, complementarismo, dons espirituais contemporâneos, postura agressiva e missional quanto a cultura) para o povo de Deus em nossa pátria.
Vibrei com o post.
Abração,
Juan
Ah, Helder,
1 - o blog www.teologiapentecostal.blogspot.com escreveu uma postagem sobre os emergentes convervadores muito boa.
2 - Um bom caminho para os pastores adeptos das verdades bíblicas chamadas de "novo calvinismo" é a plantação de novas igrejas pois as já existentes não conseguem conciliar teologia reformada com uma abertura ao E.S e uma postura missional para com a cultura. Sei que estou generalizando.
Caramba, me assustei muito ao ver meu nome citado neste post extremamente bem escrito. Excelente reflexão Hélder, não posso acrescentar nada e nem corrigir nada, só fico ainda mais motivado para continuar trabalhando, pregando a Palavra e orando que Deus nos dê misericórdia e graça para vermos o verdadeiro Evangelho (e as práticas decorrentes dele) se espalhando por nosso país.
Abraço
Ui, agora embatuquei. O que são, afinal, o novo calvinismo e o neocalvinismo? Achei que eram a mesma coisa!
Gostei do post - e continuo achando que devemos evitar brigar por causa de coisas periféricas. De cá pra lá e de lá pra cá. :-) A igreja precisa tanto da old school quanto da new school.
Que Deus nos ajude a manifestar unidade em nosso meio!
Abraços calvinistas!
Parabéns Helder!
Texto muito bom, colocarei no meu blog, certo?
Estamos na luta para tirar esse movimento apenas da internet. Hoje no Brasil, infelizmente o que ganha fama são o ditos emergentes e sua doutrinas "esquisitas".
E uma pergunta ao Josaias, Driscoll vem ai tbm, ou foi só uma expressão?
Abraço!
Abraço
Achei legal o comentário do Guilherme.
Não podemos nos esquecer também das raizes do neocalvinismo lançadas por Kuyper. E uma característica que acho fundamental é essa interação com a cultura, o cumprimento do mandato cultural. Isso é muito presente no neocalvinismo holandês. O calvinismo como sistema de vida e não apenas como religião..
Excelente abordagem Hélder. Creio que os frutos serão colhidos mais a frente mesmo. É uma luta muito grande e como somos a minoria da minoria, o processo é lento. O post, no entanto e os blogs citados, animam. Não estamos sozinhos...
que o Senhor nos dê o bom termo, força e coragem.
um abraço e parabéns.
Acho que a preocupação deveria "ser" alguma coisa e não ser "novo". "Novo" é um rótulo que identifica os proponentes do calvinismo de novo tipo e não o calvinismo em sí. "Igreja Emergente" é um termo para mim muito antipático. A Igreja é a Igreja, simplesmente a Igreja, com seus extremistas e com seus moderados. Na Igreja ninguém tem o direito de criar novas fronteiras e dar a elas o nome de "Novo", porque daí se exclui o que não é novo, e o que não é novo também é Igreja. O Calvinismo avançará no Brasil por uma via de consequência lógica: Os verdadeiros cristãos estão cansados do modelo finneyano que aí está, e o Calvinismo é suficientemente vigoroso e teocêntrico para coptar a simpatia de suas almas já cansadas.
Me junto ao Guilherme: "é um alívio". É realmente um alívio ver que podemos fazer diferença entre o tradicional e o tradicionalismo.
Parabéns!
Gostei muito do Post. Ano passado eu estive no encontro Sepal para pastores e fiquei muito animado com a palestra do Ricardo Agreste e de ver varios missionarios citando Tim Keller para os que estavam ali. o Dr. Augustus Nicodemus tem feito sua parte tambem, e se não me engano será um dos preletores da conferencia do Acts 29 no Rio esse ano. Quanto as senhora e presbiteros da Igreja, creio que é função dos pastores de ensinar suas Igrejas, mobiliza-las e envia-las na missão enquanto asw fortalecemos no ensino e na pratica correta. Concordo com o Juan. è uma questão de tempo. quanto mais disseminarmos a ideia, e quanto mais mobilizarmos nosso povo, poderemos ter logo mais lideres que aliem ortodoxia e ortopraxia. Pra isso não podemos esquecer da enfase na plantação de Igrejas e formação de lideres. Obrigado por trazer essa reflexão. Deus o abençoe!
Ótimo post, Helder! Não estou muito por dentro do novo calvinismo, de modo que não posso me posicionar com firmeza. Mas posso dizer que tenho ao menos uma simpatia preliminar pelo negócio.
Quanto à discussão terminológica, acho que convém distinguir entre os neocalvinistas e os novos calvinistas. Não são a mesma coisa. Ou são?
Quanto aos neopuritanos, só tenhoa dizer isto aqui: "Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu" (Rm 14.2-3). Notem, por favor, que há recomendações de amor e tolerância mútuos para ambos os lados, e não só para o lado de lá.
Abraços!
Que texto bacana. E queria deixar aqui dito que eu conheço o Filipe Niel, o Josa e o Juan de Paula.
Olá Helder,
Saudações fraternas!
Concordo com muita coisa do seu post, mas também discordo de algumas, as quais penso fazem alguma diferença no impedimento daquilo que você espera. Veja, eu penso que grande parte do "novo", que os calvinistas Piper, Driscoll e outros podem oferecer à eclesiologia reformada brasileira, não esteja assim tão limitada à questão do continuísmo. Nisso discordo de você (citando o Driscoll) de que para termos "igrejas cheias do Espírito Santo" precisamos do continuísmo. Eu me defino um cessacionista moderado e creio firmemente que uma Igreja e seus membros precisam viver uma vida cheia do Espírito Santo, mas não será necessário dons extraordinários para que isso ocorra, acho até que o ordinário evidencia com suficiência a verdadeira presença do Espírito, não obstante Deus ser Senhor do extraordinário. Mas o objetivo não é discutir isso agora.
Meu objetivo é afirmarmos o que penso ser essencial para nossas igrejas em termos de um "novo" calvinismo: - combate ao clericalismo; - combate ao excesso de institucionalismo, coisas que tem nos aproximado dos romanistas; - combate ao excesso de politicalha eclesiástica; - retomada de um ideal reformado de evangelismo de maneira apaixonada pela Glória de Deus (sem o legalismo fundamentalista de proponentes ditos reformados como Ray Comfort). - contextualização sem idolatria da cultura e do prazer; - recuperação do princípio federativo do mérito (pessoas certas nos lugares certos); valorização do conteúdo mais que da forma, etc etc.
Nisso é importante chamar a atenção para o fato de que novo calvinismo não é apenas Piper, Driscoll e Grudem. Acho até que Grudem seja de menos importância nesse contexto. Existem outros nomes que precisam ser lembrados, como Lingon Duncan, Mohler, Andreas Kostenberger, Tom Scheirener e muitos outros, que em sentido teológico tem até mais peso que Driscoll e Washer. Pra se ter uma ideia do quanto o movimento não é homogeneo e assim tão apegado apenas na questão do continuismo cito o próprio Washer, quem penso ser inconsistente em muita coisa e muito apegado a um quase-legalismo.
Acho que a grande expressão que marcam os novos calvinistas do Together for the Gospel e do The Gospel Coalition é a convergência. Nisso a Norma observou bem. Não teremos "novo calvinismo" no Brasil se formos usá-lo para servir a interesses pontuais em nossas lutas e brigas pessoais, apenas para afirmar questões secundárias. Temos que entender o movimento na honestidade de seus propósitos que é a RESSURGÊNCIA de um calvinismo minimamente coerente e dialogal. É isso que explica a presença de Sproul em conferências do Driscoll e muitas outras convergências geradas pelo movimento.
Enfim, vejo no novo calvinismo de Piper não apenas continuísmo, vejo nele uma apropriada visão bíblica do ministério feminino, vejo nele a ressurgência da Glória de Deus como o norte do ministério pastoral, do evangelismo, do fazer teológico. O pacote é mais que as simples questões do que aceitamos ou não, envolve outras particularidades que irão convergir até com "neopuritanos". Mas o Brasil precisa de uma RESSURGÊNCIA CALVINISTA que se levante contra a profissionalização pastoral nas Igrejas históricas, contra o clericalismo, contra a POLITICALHA, contra o loteamento de igrejas e concílios, contra uma eclesiologia que se coloca para a glória do homem e sustenta a medíocridade e tem matado a verdadeira proclamação do evangelho, que aniquila o verdadeiro ministério pastoral inchando os púlpitos com gente sem paixão pela Glória de Deus, tão somente preocupados com o ordenado do final do mês.
Enfim, eu também oro e desejo firmemente que o Senhor levante Pipers, Driscolls, Mohlers no Brasil, mas também levante Kostenbergers, Scheireners, Duncans e muitos outros, para uma RESSURGÊNCIA CALVINISTA que vá além da religião.
Um abraço fraterno,
Na paz do Eterno,
Dilsilei Monteiro
Olá, tenho uma consideração a fazer.
Estive junto no Evento da The Ressurgence este ano junto com amigos aqui do Brasil. Estivemos com o Driscoll e ouvimos ele apresentar o novo calvismo.
Em minha opinião a grande dificuldade hj seria o que chamamos de carismáticos. Esse ponto vc colocou como ministério cheio do Espírito Santo. Driscoll apresentou como a busca da plenitude do Espirito Santo. Ele até citou a Assembleia de Deus como exemplo.
Ele defende o melhor do movimento Carismático unido ao melhor do Calvinismo. A pergunta é? Você conhece pastores no Brasil assim? Reformados, Carismáticos e Missionais?
Nós precisamos rever muitos nossas vidas... as vezes somos extremistas de mais... precisamos equilibrar muitas coisas.
Vejo que falta muita paixão ainda, como diz Lloy Jones "Precisamos ter luz e calor, sermão e pregação. Luz sem calor jamais afetará a quem quer que seja; calor sem luz não tem valor permanente. No que consiste a pregação? Em lógica pegando fogo! Em raciocínio eloqüente! Em teologia em chamas.”
Driscoll aponta "God is also using men such as my friend C. J. Mahaney for the purpose of blending the best of what is Calvinistic and Charismatic so that the mind is engaged and the passions are ignited for the glory of the gospel of Jesus Christ."
Dilsilei,
Não vi no texto do Helder qualquer limitação tanta assim no continuísmo. É um dos aspectos. Não o único e, quem sabe, sem diminuir importância, não o principal.
NEle,
Roberto
Caros André e Norma,
Há algum tempo eu disse em algum lugar que pouco vejo de tão novo no "novo" (o "modelo" americano) ou no "neo" (o holandês). Há ênfases, é claro, mas não vejo muito sentido nos prefixos. Talvez preferisse chamá-los simplesmente de calvinismo e aproveitar o que há de bom. Mas já que os usam...
Sobre as diferenças entre os modelos, há quem possa melhor falar que eu. Mas acho que aqui é suficiente dizer que os americanos estão descritos pelo Helder na postagem, enquanto os holandeses são aqueles da linha kuyperiana do comentário da Ivonete.
Quanto ao gueto neopuritano, mantenho que é lamentável e asqueroso enquanto gueto. Quanto ao que houver de bom, se houver, aproveitemos.
No Senhor,
Roberto
Roberto,
Posso ter feito uma leitura com pressupostos. Mas senti que o texto resumiu novos calvinistas a continuistas, o que penso não ser uma evidência. A própria referência a Sproul como cessacionista "de fora" do movimento reforça essa ideia. Na minha leitura o novo calvinismo é um movimento de RESSURGÊNCIA calvinista que tem como aspecto principal o diálogo com a cultura e não necessariamente uma promoção do continuismo como forte ênfase.
A expressão comumente repetida é a de que só se será aberto ao Espírito Santo se se for continuista e penso que isso não é algo procedente. O Juan também caminha nesse sentido ao falar em conciliar teologia reformada com "abertura ao Espírito Santo".
Veja, eu não imagino como se possa ter um calvinismo genuíno sem o poder influente do Espírito Santo, não vejo porque imaginar que o calvinismo histórico tenha sido "sem o Espírito Santo".
Parece-me que em algum momento os continuistas reinvindicam serem os únicos a experimentar da presença e da benção do Espírito Santo.
Não imagino como o cessacionista Sproul possa pregar de maneira tão abençoadora sem a presença do Espírito Santo. Estaria ele fechado ao Espírito?
Enfim, minha intenção é que possamos ser capazes de entender que o novo calvinismo, que a ressurgência calvinista não é movimento apenas para continuistas.
Posso estar errada em minha leitura, até mesmo estar julgando, e Deus me perdoe se assim estiver incorrendo no erro,
Mas fica aqui minha mensagem no sentido de que possamos convergir em pontos mais crucuais e em aspectos mais necessários da nossa debilitada agenda reformada brasileira e, JUNTOS, possamos experimentar de uma RESSURGÊNCIA calvinista em nosso meio,
Na paz do Rei e Senhor de todos nós,
Dilsilei
Caríssimos "camaradas" calvinistas (piadinha besta, kkkk),
bem, há uma diferença crítica entre "novo calvinismo" e "neocalvinismo". Me dêem um tempinho e escreverei sobre isso. Acho que pode ajudar a ampliar essa conversa boa.
Soli Deo Gloria!!!
Caros ,
Paul Washer , Tim Keller e Matt Chandler são cessacionistas? ou compartilham de visão continuista como Driscoll e Grudem ?
Em Cristo
Vinicius
Que bom que você pegou minha indireta direta, Gui! rsrs
Muito bom o texto!
Caminho no mesmo sentido dos outros comentários: em mais ou menos 10 anos teremos aqui no Brasil essa corrente neocalvinista mais consolidada. Não pela corrente ideológica em si, mas pela primazia da pureza no ensino bíblico.
Vamos trabalhar e orar para que isso se efetive!
Lucas
Dilsilei,
Até entendo a razão de seus pressupostos. Afinal, o tema é caro ao Helder. Apenas que não é ênfase alguma aqui. E, se sua intenção é que "possamos ser capazes de entender que o novo calvinismo, que a ressurgência calvinista não é movimento apenas para continuistas", creio que não temos porque ir além, porque concordamos.
Quanto ao “calvinismo histórico” como sendo sinônimo (ou algo assim) de “cessacionismo”, admito a predominância. Mas a raiz em Calvino não fundamenta nem legitimiza a associação. Porém, dado que não é o tema proposto aqui, deixemos o caso para uma discussão posterior. Concorda?
No Senhor,
Roberto
Roberto, Guilherme, Norma e outros,
De fato, "neocalvinismo" e "novo calvinismo" são diferentes porque têm um interesse distinto. Contudo, há pontos de contato. Por esta razão, embora o Guilherme e o Pensar sejam blogs neocalvinistas os inclui no novo calvinismo.
Quanto às diferenças, acho que o Guilherme pode esclarecê-las melhor.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Parabéns pelo texto e pelos comentários dos diversos irmãos. O Guilherme faz uma observação muito pertinente, o "novo calvinismo" para florescer e dar muitos frutos sadios precisa estar fundamentado no neocalvinismo de Abraham Kuyper e os sucessores e desdobramento como o filósofo Herman Dooyeweerd e demais irmãos trazendo o SENHORIO DE CRISTO para cada do conhecimento e vida humana para a Glória de Deus. Pode contar com o meu apoio e ajuda. Pelo menos como presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil em Osasco, tenho me esforçado para propagar uma visão neocalvinista, dinâmica e vívida da teologia reformada nas vidas e nas ações.
http://luis-cavalcante.blogspot.com
*
Guilherme,
Uma coisa interessante que vc falou é sobre o L'Abri. Sendo sincero, o novo calvinismo não é uma novidade, é simplesmente a aplicação do princípio da encarnação no calvinismo. E uma dose de continuísmo e tolerância também.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Quero sugerir a leitura desse texto que desafia grandemente o entusiasmo de vocês com o "novo" calvinismo representado por Drisoll e outros. Abaixo o título do texto e o Link:
CRISTÃO REFORMADO: A FUSÃO DO CALVINISMO COM O MUNDANISMO
cristaoreformado.blogspot.com
Juan, Pedro, Samir, Sacha e demais,
Espero mesmo que o novo calvinismo floresça em 10 anos. Acho que há o risco do novo calvinismo nunca pegar, especialmente por causa do fortalecimento de posições mais intransigentes e neopuritanas. Mas, escrevendo, plantando igrejas, fazendo a nossa parte...há bons motivos para termos esperança, apesar de tudo.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Pedro,
Pode publicar, desde que cite a fonte e o autor, com link pra cá.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Filipe,
Obrigado por ler o post e pelo tweet também. =D
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
André,
Espero que a simpatia preliminar se transforme em apoio à ideia. :-)
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Dilsilei,
De modo algum limitei novo calvinismo a continuísmo. Fato é que o meu lema de ministério é "Reforma e Carisma", o nome de meu outro blog. Contudo, destaquei a missionalidade, a liturgia, a complementaridade...não reduzi o novo calvinismo a um único aspecto.
E, verdade seja dita...no Brasil ou nos EUA os novos calvinistas estão muito mais dispostos a dialogar do que os neopuritanos, por exemplo. Nós gostamos de muita coisa do calvinismo "old school", os ouvimos e tal. Mas, como alguém disse alhures, gostaria muito de ver calvinistas "old school" dialogando mais com os novos. Inclusive no cessacionismo, mas não aqui. Tenho o Reforma e Carisma pra debater este assunto. :-)
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Vinícius,
Eu não sei, mas sei de uma coisa. Pode até existir novos calvinistas cessacionistas, mas eles não gastam seu tempo acusando de hereges os continuístas, como acontece no Brasil. Recebem como irmãos. Dialogam.
Todavia, é fato que o cessacionismo não é predominante no novo calvinismo.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Robson,
Eu vim da Assembleia de Deus e hoje sou pastor presbiteriano. Eu quero unir o melhor da Reforma ao melhor do pentecostalismo ao melhor da igreja emergente (sim, há coisas boas). Tenho um outro blog chamado Reforma e Carisma. Eu quero ser reformado, carismático e missional! E creio que não sou o único.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Cleyton,
A ideia do novo calvinismo não é a de excluir. Eu diria que é bem o contrário.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Cleyton,
O texto sugerido "desafia", mas não grandemente. Pois a postura do autor no texto é a mesma do gueto neopuritano, como quando diz coisas como: "unindo as Doutrinas da Graça às formas musicais imorais". Formas musicais imorais? Existe isso?
Contra o sentido dado hodiernamente a "puritano" como um mero moralista, certa vez li alguém falando deles algo como: "eles eram homens piedosos que fumavam, comiam, bebiam, riam e faziam amor com suas mulheres". Desconfio seriamente que a herança alegada por alguns não procede, enquanto eu, exceto pelo fumo, vivo como eles viviam.
A Deus seja a glória!
Roberto
Paul Washer não é "Novo" Calvinista. Ele se define como Spurgeonista de 5 pontos.
http://www.youtube.com/watch?v=7Fwbb2eZMg4
Ele não tem nada a ver com Mark Driskoll, não estou depreciando Driskoll, apenas estabelecendo os fatos.
Tão tá, Cleyton. Mas como estão me chamando de Bob Spurgeon, digo que sou um spurgeonista de uns 20 pontos... E também não tenho nada a ver com Diskroll, o que não me impede de apreciar o que ele diz ou faz, assim como os demais "novos", Washer incluso.
A Deus a glória!
Roberto
Caro Roberto, o versículo que citei nada diz sobre o que devemos manter, nem sobre o que devemos aproveitar. A questão não é essa. O versículo apenas manda tratar os irmãos fracos com amor. Faça isso, e pode manter e aproveitar o que quiser.
Abraços!
Roberto, o foco do meu comentário é: Paul Washer foi citado como alinhado com Mark Driskoll, o que não está nem perto de ser verdade. Apenas chamei a atenção para uma citação imprecisa, apenas isso.Washer está incluso arbitrariamente nessa sua lista de "novos".
Helder,
Acho que vc não me entendeu... é provável que eu não tenha me expressado bem. Em todo o caso vou redizer (em 5 pontos para não perder o costume):
1- Gostei de seus dois últimos textos, tanto que me vi obrigado a comentar, por isso disse: “...espero que não vire um hábito!”, ou seja não vire um habito eu comentar aqui também no 5Calvinistas, eu já importuno demais alguns irmãos com os meus comentários, para eu ficar trocando letra aqui também, mas escrevendo assim fica difícil para mim...
2-Quando disse “Tanto quanto no caso do texto anterior, vejo que no Brasil temos o erro de começar algo antes de terminar o que estávamos fazendo”, estava me referindo ao imediatismo e a falta de preparação que, em geral, marca o desenvolvimento da igreja no Brasil, e não necessariamente rechaçando o novo calvinismo. Em suma pensei na idéia de produzir literatura e lideres VS o escolasticismo.
3- Quando sugeri sermos melhores calvinistas pensava em sermos melhores cristãos (o comentário do Guilherme foi exato) e não em sermos escolásticos (neopuritanos, tradicionais, teonomistas e cessacionistas). Ou seja, buscar em nossas próprias experiências as resposta para o nosso contexto (digo experiência na consulta da Palavra e no conhecimento do poder de Deus): “Ouça o Espírito e ouça o Mundo”.
4-Sobre as suas ilustrações, concordo plenamente, e enfatizo: há necessidade de preparação, não adianta tentar instalar fábricas sem conhecer os fundamentos. Não estava defendendo todo o caminhar epistemológico, estava simplesmente reclamando da nossa mania de imitar (baixar - download) as coisas americanas sem criar uma cultura nacional (sem transferência tecnológica), acho que isso concorda com a perspectiva apontada no último ponto do seu texto “À procura de líderes”.
5- Por fim, acho que não sou mesmo neo e nem novo calvinista (embora, como eu mesmo afirmei, não é difícil me chamaram assim), vc não me conhece bem para me rotular de "old school" – mas confesso que a piada com o Hodge no final do meu comentário abre espaço para essa sugestão! O que eu quis dizer com ela foi simples, Hodge vai mais a fonte, se prepara melhor para responder as questões da época dele, ou seja, ele é um bom exemplo da atitude que devemos ter. Foi em si, uma crítica a uma turma de teólogos que simplesmente ignoram o que já foi escrito, alegando que buscam ser mais compreensíveis pois estão falando a leigos e acabam por falar um monte de bobagem achando que falam novidades. O pior é que tem gente os comparando a Agostinho e a Calvino. Acho que posso me declarar um calvinista-retrô, isso é, atual e moderno, com um ‘ar’ conhecido, e de filosofia bem estabelecida. Em outras palavras meu lema é – acho que vc conhece bem: Ancorados na Rocha, no compasso da nossa geração! (lema da MPC, com alterações).
Em Cristo, a Rocha.
Esli Soares
Eu acho q o Pastor Armando Bispo, da igreja batista central de fortaleza, pode ser um nome p o neo-calvinismo na Brasil.
Cleyton,
O novo calvinismo não é o movimento de Driscoll. Ele reúne outros líderes, como John Piper, C J Mahaney, Albert Mohler, Wayne Grudem e Tim Keller. Você erra em querer pegar um pastor e usá-lo como a medida do movimento.
Quanto ao Washer, eu vejo similaridades. Ele tem uma simpatia muito grande por John Piper, por exemplo. Ele é missional, de uma forma diferente de Driscoll, mas que julgo similar ao pensamento de Piper. E, embora ele relute em se autodefinir, o calvinismo pode ser encontrado em seus sermões.
O enquadramento de Washer é responsabilidade minha, muito mais por causa de Piper do que por qualquer outra razão. É questionável? Sim. Mas é a classificação que uso neste post.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Esli,
Agora ficou mais fácil entender o seu ponto de vista e as suas críticas. Concordo com a maioria delas, mas...não entendi exatamente de quem você falava no último ponto. Seria de algum novo calvinista ou de algum ídolo monergista? Cheung, Clark ou um Driscoll? Desculpa se a pergunta é incômoda, mas jornalista não perdoa, heheh.
Ah, e conheço o lema da MPC, fui voluntário e tudo o mais. Mas, a bem da verdade, desagrado-me da direção que a missão tem tomado, mais próxima dos emergentes.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Hehehe,
Jornalista é mesmo um perdigueiro... Mas antes de dar a sua resposta, não vou perder a piada com o Vandim: Se é batista não dá para ser calvinista nem mesmo um novo-calvinista (risos, muitos risos).
A crítica do 5º ponto é tanto para os “cabeças de chaves” quanto para os que recorrem a eles em citações e notas de leituras, enfim, vc foi “em cima da bucha”!
Abraços
Esli Soares
Realmente, o texto é muito bom, mas acredito que o cessacionismo não negaria a importância de um ministério cheio do Espírito Santo. O "continuísmo" não é necessariamente um distintivo do movimento "neo-calvinista", mas um artifício hermenêutico que se aplica não somente à continuidade de dons (para alguns) como também ao estudo de quem é o "povo de Deus", soteriologia, relacionamento com a Lei, etc. Todo mundo tem um pouco de "continuista", mas divergimos em áreas e graus.
Mais uma vez, excelente texto. Sigamos a Cristo e ninguém mais!
Helder,
Li, com alegria e aprovação o seu texto. Dignificou o ducentésimo (é isso mesmo?) post do 5Calvinista.
Amanhã lerei os comentários.
Deus o abeçoe.
PS.: Semana que vem, se Deus quiser, estaremos em Brasília. Precisamos de um roteiro.
Ué, meu caro André, eu afirmei algo sobre o versículo falar sobre o aproveitar e dispensar ou que sua questão fosse essa?
Mas precisarei dizer que eu aproveitei (rs) uma deixa sua? Ou que o próprio aproveitar e o dispensar faz parte de uma atitude de amor? Ou ainda que a intolerância ao gueto é amar?
Conhecendo você, não posso crer que assuma aquele discurso vago e popular sobre o amor de vaquinha que impede de dizer que o gueto neopuritano é asqueroso e lamentável.
Assim, digo de novo, sem temer o não amor, e ainda que não precisasse, que o neopuritano que se faz gueto se faz também asqueroso e lamentável. Mas se o neopuritano não se faz gueto, algum diálogo se fará possível. E então, quem sabe, aproveitarei dele o que tiver a me dizer.
A Deus a glória!
Roberto
Cleyton,
Eu percebi seu foco. Só que ele não tem o menor sentido. Ao menos como foi posto. Driscoll pode também, se quiser, dizer com Washer que é “spurgeonista de 5 pontos” sem que deixe de ser “novo”. Isto por si só não diz nada. Se você quer provar seu foco, é bom apresentar melhor argumento (ou fatos mais relevantes).
A propósito, não sou propriamente “novo” (nem os conheço bem). Nem “neo” (o Guilherme vai confirmar! rs). Inclusive chamei a mim mesmo de “old school” e “medieval”. E, veja, gosto de Spurgeon. E falei de “uns 20 pontos” porque os cinco não encerram o calvinismo, ainda que eu os subscreva (assim como Discroll, Washer e Spurgeon). E, pasme, não tenho nada a ver com Driscoll. Ou tenho? Afinal, com Washer e Spurgeon, somos todos reformados. Mesmo assim, poderia ouvir um “novo” a meu respeito sem dor... Percebe agora?
Além disso, como o Helder nos contou, e como falei de mim, o fato de Washer não se chamar “novo” não nos impede de chamá-lo assim.
Ao Senhor a glória!
Roberto
Caro Roberto,
Não gosto de deixar as pessoas esperando respostas. Por isso, escrevo apenas para lhe dizer que não espere mais pela minha.
Abraços!
Está muito bem, André.
Abraço, nEle,
Roberto
Um critica
http://mcapologetico.blogspot.com/2011/03/novo-calvinismo-ou-pentecostais.html
abraços
em Cristo
Bem, que discussão interessante!
Eu acho que com cada comentário, algumas coisas que no texto ficaram obscuras, vão ficando mais claras, como por exemplo essa diferenciação que tão fazendo entre novo calvinismo e neocalvinismo.
Guilherme nos brindará com um texto sobre essas diferenças. :)
Não sei se há diferenças no uso das nomeclaturas, mas o fato é que não considero Piper, Driscoll e Grudem como representantes do neocalvinismo (o holandês).
Estava conversando com meu marido, sobre o artigo e a gente comentou que ainda não nos definimos como neocalvinistas porque ainda nos falta leitura, reflexão, aprofundamento. Agora que comecei a estudar o neocalvinismo holandês, mais especificamente, o pensamento de Dooyeweerd. Embora eu simpatize e dialogue bastante com a corrente, ainda acho cedo firmar um posicionamento. É legal conhecer, estudar, sondar o coração, pra não fazer como uma galera por ai que se diz "a" ou "b" sem ter lido uma linha dos caras.
Acho legal também a proposta dos "novos calvinistas", embora me identifique como cessacionista, não acho que a forma, deva ser um ídolo em nosso coração. A famosa diferença entre ser tradiconal e ser tradiconalista. Acho o culto a forma, e o apego exarcebado a tradição tão idólatra e prejudicial, quanto outros movimentos que fazemos questão de combater. Sola Scriptura.
Penso que, em sua essência, ambas as correntes, não pretendem questionar os principios reformados, mas sim fortalecer o calvinismo e ampliar sua sua mensagem.
Ivonete a Allen,
Estou com vocês em dois pontos:
1) Não posso me colocar como neo pois me falta aprofundamento.
2) Considero o culto à forma e à tradição idólatras.
E tenho as ressalvas (não necessariamente ao que você disse):
1) Se para ser neo, como me disse um amigo, é necessário adotar o pacote completo, terei sérias dificuldades em sê-lo. No mínimo pela ontologia dooyweerdiana (ainda que ela tenha seus atrativos, mas, como disse, sou medieval! rs).
2) Ao contrário de vocês, e como costumo dizer, sou um "continuísta quase cessacionista". rs
E, juntos, permanecemos ansiosos pelos esclarecimentos do Gui.
NAquele que nos salva de nós mesmos,
Roberto
Minha opinião: pode chegar um momento de grande disseminação do “Novo Calvinismo”, mas enquanto os importadores se portarem como um partido dentro da cristandade brasileira será apenas uma facção.
Luciano,
Lamento que sua crítica resvale para o pessoal. Lamento também que você insista em chamar continuístas de pentecostais e mais ainda que use o termo "pentecostal" em seu texto como se fosse algo ofensivo. Confesso que esperava uma crítica em outro nível.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
P.S: A partir de agora, só vou aprovar comentários que tenham relação com o post.
Helder,
foi uma pena ter lido o seu post só agora. Pena que cheguei muito atrasado aqui, nessa discussão. Enfim, parabéns pelo texto! Gostei tanto dos argumentos como de sua iniciativa. Siga em frente, você não está sozinho nessa jornada.
Cara, você acredita que já fui chamado até de homossexual só porque havia dito que curtia os textos e pregações do Driscoll, bem como do "Letters to a Young Calvinist" e "Thinking in Tongues", do James K. A. Smith? Lamentável... rs
Sou a favor, sim, tanto do neo como do novo calvinismo. Ambos têm condições de contribuir muito para a igreja de Cristo no Brasil. Sem dúvida! Assisti uma palestra do D. A. Carson, há uns 10 anos, e lembro de algo que ele disse e que me marcou profundamente. Ele disse algo mais ou menos assim: "Se você é um pastor desconectado do mundo, você provavelmente estará respondendo questões que suas ovelhas não estão se fazendo!". Ou seja, nossas respostas podem ser as mais verdadeiras respostas, porém elas podem não ser as respostas apropriadas para as perguntas que as pessoas estão fazendo. Portanto, não adianta responder "2+2=4" se a pergunta é "quanto é 4-2?". 2+2=4 é uma verdade, sem dúvida!, mas não é a resposta verdadeira para a pergunta "quanto é 4-2?". Pastores têm que circular na Urbis, assim como Jesus circulou na Galiléia. É preciso saber o que está acontecendo. Às vezes tenho a impressão de que alguns colegas calvinistas desenvolveram uma tara inconsciente pela irrelevância. Essa tara é tão nociva que esses confrades acabam sendo contra qualquer discurso que queira ser relevante. Pessoal, vamos reler Lc 15! A Bíblia diz que pecadores se aproximaram de Jesus para ouvi-lo falar! As palavras de Jesus eram verdade, nem por isso eram enfadonhas, chatas, descontextualizadas, arrogantes, beligerantes... Será que não é possível ser ortodoxo e ao mesmo tempo relevante? Bom, se relermos Lc 15 veremos que a polícia eclesiástica, ops!, quer dizer, a polícia judaizante estava lá seguindo milimetricamente os passos de Jesus, testando sua ortodoxia... Afinal, por que Jesus come e bebe com publicanos e pecadores?
Um abraço fraternal, Helder!
Jonas
PS.: Não sou contra o direito do contraditório ou da ampla defesa. Sou contra agressões morais, beligerância narcísica, coisas desse tipo... Não demonizo quem critica as ideias dos neo ou novos calvinistas, os ouço, e, em alguns casos, até mesmo concedo, concordo, mas, em contrapartida, tenho profunda ojeriza pela falta de respeito e de "decoro" cristão.
Olá Irmãos.. Graça e Paz...
Artigo excelente...
Contudo não posso deixar de falar do que tenho visto e ouvido... Existe sim um exponente dessa linha que vem fazendo um trabalho maravilhoso dentro de uma denominação histórica, particularmente a IPB, onde em Campinas-SP a Comunidade Presbiteriana da Chacara Primavera (www.chacaraprimavera.org.br) a cada dia se firma como uma igreja reformada que sabe bem utilizar a cultura do sec. XXI como aliada, sem no entanto comprometer a doutrina imutavel da Escritura! Talvez até não se assumam como "novos calvinistas", mas num estilo bem "Mark Driscoll" esta igreja que emerge dentro da IPB em 10 anos de existência ja plantou outras 10 igrejas de igual mentalidade. O Rev. Ricardo Agreste vem publicando bons livros, sabendo bem casar a teologia de westminster com nossa cultura pós moderna... Um trabalho realmente maravilhoso, que não poderia deixar de falar...
Um grande Abraço
Atila
Jonas,
Pena mesmo que não deu pra você comentar antes. Mas me senti muito animado com as suas palavras. É bom saber que não estamos sozinhos na busca por uma igreja bíblica sim...mas que também seja relevante.
Que possamos ser como Jesus, andando com publicanos e pecadores e sendo instrumentos de Deus para levá-los aos pés do Senhor.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Atila,
Preciso conhecer melhor o Ricardo Agreste, mas o que ouvi dele é ótimo. E espero que ele seja mais conhecido no Brasil todo também.
Aliás, é uma ótima dica para você passar para o Voltemos ao Evangelho.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Ótima postagem!
O que tem causado mais impacto no Novo Calvinismo nos EUA, seria o calvinismo como uma praticidade da doutrina reformada e não como um simples conjunto de dogmas desprovidos de vivencialidade. Talvez o termo neopuritanismo seja bem adequado.
Faço parte de um blog, que por sinal, tá parando há um tempão, que se denomina neocalvinista, girando em torno mais das idéias do estadista Holandês Abraham Kuyper, mas que obviamente não é algo tão aquém do movimento do Novo Calvinismo.
Ficarei esperando o Guilherme, mas penso que o neocalvinismo aparece como um sistema filosófico, enquanto o Novo Calvinismo estaria para uma Reforma Espiritual.
P.S.: O nome do blog que participo é Apologia e Espiritualidade, se alguém quiser visitar, fique a vontade...
Esse texto foi um bálsamo para minha alma!
Estou junto com vocês na luta por um novo calvinismo no Brasil. Excelente texto. Sou pastor dos universitários da Igreja Batista Getsêmani em Belo Horizonte e temos realizado um relevante trabalho por aqui. Grudem, Piper, Driscoll são referenciais no meu ministério. Quero colaborar com o que for possivel, um grande abraço, Davi Lago
Vinicius,
Quanto a sua pergunta, não sei de Washer, mas tanto Piper quanto Chandler são contemporanistas no quesito das manifestações do Espírito Santo na igreja.
Abraços,
Juan
Postar um comentário